A mim não me faziam parar de voar
por insignificantes migalhas de pão atiradas ao chão. A mim não me faziam parar
de voar, que a fome pode tirar o desejo, mas não me tira a dignidade. Lá de
cima, de asas bem abertas, os pedaços de pão parecem maiores que o estômago,
parecem mais bonitos que o céu e mais frescos que a brisa que vem do Norte.
Tudo não passa da ilusão de querer tudo o que cai do céu e se desfaz na terra
dos outros.
O que levará estes incautos seres-tão-pouco-vivos a descerem à
terra em voo picado, para se juntarem ao despique por pequenas e ressessas
migalhas de pão, lançadas com desprezo para os pés de quem nunca voou?
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