Agora é mais difícil convencê-lo
que, por mais depressa que ande em marcha-atrás, nunca chegará àquele pedaço de
passado que não se apaga por se ter enganado. Foi nessa noite maldita que o
volante virou demais, e à farta colheita ceifou o que ainda verde o amor lhe
deixou, que é difícil acreditar que no mesmo caminho ainda possa haver uma alma
que se perde. Pena que as árvores mais altas aqui não vingaram, para taparem o
céu azul e o bom tempo que vem de lá, como facas afiadas no peito desse homem que
não tem culpa que a escolha reclame o defeito. Soubesse ele desta escuridão e
tinha fingido um finge-que-vira-mas-não-vira, um destes fingimentos que o
livrasse da ira, dos seus próprios arrependimentos. Ele que engate a primeira e
acelere sem derrapar, que à frente a curva é apertada e sem demora
vira-que-vira para o mesmo sítio de voltar a escolher os caminhos de outrora,
sem saber dos buracos que podem ter agora.
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