a esperança morre como morrem
aqueles peixes dourados do aquário que está por cima da estante de livros. À
tona de água, de barriga para cima, a boiar do finar da vida ou do rebentar de
tanto comer dela. E depressa, que a pressa da esperança não dá bom viver a
ninguém. É quando a esperança se fina por completo, que o vinho se eleva acima
de deus, porque é de pé que o vinho se entorna e só depois se verga o corpo com
o peso bruto do fruto da imaginação. Com
deus, no princípio vergam logo os ossos à vassalagem, dobram os joelhos à
passagem de quem nunca viu o que existiu para além do tal fruto da criação. De
pé, é melhor que a fé venha mesmo do vinho, que aos velhos custa a dobrar os
joelhos e do vinho não custa nada dizer a deus, ou à esperança ou a qualquer
outra coisa que teima em existir para lá do que a vista consegue ver.
Sem comentários:
Enviar um comentário