sábado, 19 de setembro de 2015

Bolo de chocolate

Caminho que não sabe
o destino, que não sabe
a rota que aperta, a manhã
que na hora se desperta
o caminho que não sabe
o destino, que não sabe
a cor da saia da dona Berta
o cheiro a que cheira
um bolo de chocolate
o cheiro a que cheira
poder amar-te
caminho que não sabe
o destino, não sabe
quando parar, não sabe
o que há para amar
o cheiro a que cheira
a verdade, na saudade
de um bolo de chocolate
a mentira da sina que trina
em poder amar-te
caminho que não sabe
se o passado existir, em mim
se o fim não se sentir, mais para além
do que nesse passado ficou, aquém
do resto que ficou de amar-te
as gerberas em manto, alergias
as lágrimas em pranto, de morrer
se eu não estiver farto, de viver
em bocados pequenos de vida
que outrora fizeram caminho
que de não saber o destino
não soube nunca morrer de amar-te
de cheirar aquele cheiro
hálito do primeiro beijo
o primeiro de ser verdadeiro
que sabia a bolo de chocolate

Nuno Miranda de Torres

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